Nascido no interior da Bahia, o romancista Antônio Torres cedo deixou sua terra natal para ganhar a vida em São Paulo e, mais tarde, no Rio de Janeiro. Não é de admirar que as histórias que conta e seus personagens se equilibrem dramaticamente entre o interior e a cidade grande, entre o rural e o urbano. Sua ficção tem humor, tem dor, tem amor e conflitos familiares; tem morte e tem vida - como na vida de cada um de nós. Por isso, de um jeito ou de outro, todos nos reconhecemos na literatura de Antônio Torres.
Ele estreou em 1972, aos 32 anos, com o romance Um cão uivando para a lua. Um sucesso imediato. Quatro anos depois publicou sua obra-prima: Essa terra. "Quando li Essa terra, toda vez que aparecia a palavra Junco [o povoado do sertão baiano em que o autor nasceu], eu lia Madalena" - espantou-se um madalenense, ao reconhecer nos personagens emoções e pensamentos que lhe são familiares.
Torres e o Rio de Janeiro: paixão e inspiração |
Na segunda das duas vertentes em que sua obra se divide, o escritor dá vazão à sua paixão pelo Rio de Janeiro e sua história. Num misto de romance e crônica, o autor nos fala de personagens reais quase esquecidos. Gente como Cunhambebe e Aimberê, heróis indígenas que, no século 16, lutaram para defender suas terras dos invasores portugueses, na região que vai de Angra dos Reis a Cabo Frio. Ou como René Duguay Trouin, o valente e sedutor corsário francês que em 1711 sequestrou nada menos que a inteira cidade do Rio de Janeiro; e só foi embora quando os poderosos do lugar lhe pagaram um vultoso resgate.
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