Pioneiro da literatura afro-brasileira, na qual hoje despontam
grandes nomes de homens e mulheres que ganham reconhecimento e admiração, o carioca Nei Lopes é o homenageado oficial da nona edição da FLIM 2018, de 24 a 26 de agosto.
Nascido no bairro de Irajá, subúrbio do Rio, em 9 de maio de
1942, caçula numa família de 12 filhos, Nei construiu uma vitoriosa carreira de
sambista, poeta, romancista, contista e pesquisador da história e da cultura
afro-brasileira. Sua obra, disponível em mais de 30 livros publicados e mais de
300 canções gravadas, nos surpreende com o tamanho do nosso desconhecimento
coletivo sobre essa vasta parte da humanidade que nasceu, vive ou tem suas
origens nessa igualmente vasta parte do planeta chamada África.
O próprio Nei é mais conhecido pelos sambas que compôs, como
“Coisa da Antiga” e “Senhora Liberdade”, gravados por intérpretes como Clara
Nunes, Zezé Motta, Alcione e Dudu Nobre. Ganhou o
Prêmio Shell de Música e já foi indicado para os Emmy Awards. Mas é nos livros,
entre infantis, de poesia, romances, ensaios, dicionários e enciclopédias, que ele
lança a mais potente luz sobre a história e a cultura dos negros que,
arrancados da África e transportados à força para as Américas, trouxeram com
eles a energia de suas raízes, com suas formas de pensar, viver e amar. E que,
assim, fertilizaram e enriqueceram as culturas locais.
O homenageado da FLIM 2018 pode ser definido como um griô, o
contador de histórias da tradição e declamador, que é ao mesmo tempo historiador
e poeta - e que aparece em quase todas as épocas e comunidades humanas. Nei é um griô
contemporâneo, atento para as questões da atualidade nestes tempos globalizados. Sua obra é um painel da cultura afro-brasileira, afro-caribenha e
afro-americana em todas as suas manifestações: a poesia, a música, a dança, a
imagística, a história e as estórias. É uma obra de resistência, sem ódios e ressentimentos: tudo é contado,
cantado e mostrado com sabedoria e, principalmente, muita alegria.
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