Nélida Piñon |
Nascida em 3 de maio de 1937 no carioquíssimo bairro de Vila
Isabel, e criada na Zona Sul do Rio, Nélida é uma mulher de duas culturas. Seus livros espelham ao mesmo tempo suas origens europeias, como filha e neta de imigrantes que vieram para o Brasil no começo do século 20, e sua alma brasileira, presente em toda a sua literatura. Aliás, é o que a própria autora confirma quando garante que, apesar de viajante compulsiva, "não concebe vida plena fora das fronteiras do Brasil".
Além de vasta, a obra de Nélida Piñon é diversificada em gêneros e temas. São romances, contos, ensaios, crônicas e memórias. Suas narrativas podem tratar de mitos, da violência do Estado, da força das paixões, das relações familiares e de aventuras. Nos enredos que cria, aparecem, por exemplo, os sonhos e dramas de quem parte em busca de outras terras e os daqueles que se recusam a partir; as disputas familiares por herança - uma herança que tanto pode ser dinheiro e imóveis, como no romance A República dos Sonhos, quanto uma camisa manchada de sangue, como no conto A camisa do marido; ou mesmo siimples lembranças, que nas histórias de Nélida aparecem como sinônimo de pertencimento e identidade, como no conto Em busca de Eugênia.
Além de vasta, a obra de Nélida Piñon é diversificada em gêneros e temas. São romances, contos, ensaios, crônicas e memórias. Suas narrativas podem tratar de mitos, da violência do Estado, da força das paixões, das relações familiares e de aventuras. Nos enredos que cria, aparecem, por exemplo, os sonhos e dramas de quem parte em busca de outras terras e os daqueles que se recusam a partir; as disputas familiares por herança - uma herança que tanto pode ser dinheiro e imóveis, como no romance A República dos Sonhos, quanto uma camisa manchada de sangue, como no conto A camisa do marido; ou mesmo siimples lembranças, que nas histórias de Nélida aparecem como sinônimo de pertencimento e identidade, como no conto Em busca de Eugênia.
Na bela e rústica paisagem das montanhas galegas, a autora tem suas raízes |
Outra presença frequente em sua literatura é a
Galícia, terra de seus antepassados. Situada no noroeste da Península Ibérica, a
região foi sucessivamente ocupada por celtas, romanos, suevos e visigodos e hoje faz parte da Espanha. A
história, as lendas, as paisagens, a música e as comidas galegas, herdadas de
todos esses povos, reinam na imaginação da escritora. Conquistada muitos séculos atrás pelo reino de
Castela para formar a atual Espanha, na Galícia de hoje professores e
escritores lutam para preservar a língua galega – um idioma muito próximo do
português, cuja sobrevivência está ameaçada pelo predomínio do castelhano.
É essa mesma paixão dos galegos por seu idioma que Nélida
transfere para o português do Brasil:
“É com esta língua amada que enfrento os nós da criação que pratico na calada da noite. E me dou conta, altaneira e orgulhosa, de que esta língua garante-me o ofício, fez de mim uma escritora. Só me resta, então, no crepúsculo ou no anoitecer, inclinar a cabeça em reverência e agradecer comovida”. (Livro das Horas, ed. Record, 2014, p. 75)
Veja também: Os livros de Nélida
Elegância e ousadia, caviar e feijoada
Um pouco de Nélida por ela mesma