São três autores com idades, estilos e histórias muito diferentes. Todos são
trazidos pela FLIM pela E-Papers, uma jovem e bem-sucedida editora carioca, que
nasceu para publicar textos acadêmicos em e-book e em papel e agora estende
seus domínios para as paragens da literatura de ficção.Eles vão autografar suas
obras e bater papo com os leitores na tenda da E-Papers na Praça Frouthé,
domingo às 11h.
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Maria Christina: desejo de desvendar e dar voz às mulheres |
Maria Christina Drummond Monteiro de Castro é mineira de família tradicional e tem 74 anos. Ela gosta de falar de mulheres: “Sempre me interessaram mais, as mulheres, tão ainda amarradas, tão buscantes e sem voz, e tão prenhes de potência e desejo”. Os contos são retalhos, pedaços de mulher, este ser “desdobrável”, como definiu a também mineira Adélia Prado. A autora sabe que mesmo se escrevesse milhares de contos e somasse todas as mulheres que conheceu ao longo da vida, nunca chegaria ao que se chama “o feminino”. Mas acha que vale a pena tentar. “A literatura, as palavras, são uma gazua poderosa”, diz ela. Daí o livro que traz para a FLIM, um conjunto de histórias enfeixadas no título “Acerto de Contas”.
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Regina: para o leitor criar sua própria fantasia |
A carioca Regina Taccola escreveu seu primeiro conto aos sete anos. Deu-lhe o título de “A morte de Tarzan” e nele narrava o atropelamento e agonia de um cachorro tão ruivo quanto a sua dona. Fez sucesso na família. Na adolescência, ousou escrever um romance sobre rituais de passagem. O original foi perdido num táxi por sua mãe, pouco antes de ser submetido à leitura crítica de um amigo literato. Regina entrou na universidade, formou-se em Medicina, tornou-se psicanalista. Em anos de prática no consultório, viu-se atravessando o abismo na corda bamba que separa o consciente do inconsciente. Do abismo fez ponte e voltou à ficção. O livro “Uma tarde embalada pelo mar” é o resultado desse processo, e é também o seu primeiro a chegar aos leitores. São contos curtos como janelas entreabertas, que permitem a cada um continuar a navegar e criar a sua própria fantasia.
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Vitor: rigor ao aprisionar palavras no papel |
Vitor Menezes, nascido em Campos dos Goytacazes em 1974, é jornalista e
professor universitário em Campos e Macaé. Traz para a FLIM o livro “Eu
transaria com mortos”, uma coletânea de 20 crônicas e 20 contos, que só pelo ousado
título já desperta interesse. Vejamos o que dele diz seu prefaciador, Jorge
Rocha: “Vitor pegou o coração de vários textos de sua autoria, mediu-os, olhou
por todos os ângulos e tão somente depois de convencer-se de que possuía algo
que valia a pena aprisionar no papel, colocou esse material na balança. Esse
livro registra o equilíbrio entre cronista e contista – ah, a tarefa de
fantasiar o cotidiano, cotidianizar a fantasia; enfim, esses borogodós que a
Literatura faz com a cabeça da gente – que dá forma a Vitor Menezes. Dá ou não
dá vontade de ler?