segunda-feira, 14 de maio de 2018

Com Nei Lopes, a FLIM homenageia as raízes negras do Brasil


Pioneiro da literatura afro-brasileira, na qual hoje despontam grandes nomes de homens e mulheres que ganham reconhecimento e admiração, o carioca Nei Lopes é o homenageado oficial da nona edição da FLIM 2018, de 24 a 26 de agosto.


Nascido no bairro de Irajá, subúrbio do Rio, em 9 de maio de 1942, caçula numa família de 12 filhos, Nei construiu uma vitoriosa carreira de sambista, poeta, romancista, contista e pesquisador da história e da cultura afro-brasileira. Sua obra, disponível em mais de 30 livros publicados e mais de 300 canções gravadas, nos surpreende com o tamanho do nosso desconhecimento coletivo sobre essa vasta parte da humanidade que nasceu, vive ou tem suas origens nessa igualmente vasta parte do planeta chamada África.

O próprio Nei é mais conhecido pelos sambas que compôs, como “Coisa da Antiga” e  “Senhora  Liberdade”, gravados por intérpretes como Clara Nunes,  Zezé Motta, Alcione e Dudu Nobre. Ganhou o Prêmio Shell de Música e já foi indicado para os Emmy Awards. Mas é nos livros, entre infantis, de poesia, romances, ensaios, dicionários e enciclopédias, que ele lança a mais potente luz sobre a história e a cultura dos negros que, arrancados da África e transportados à força para as Américas, trouxeram com eles a energia de suas raízes, com suas formas de pensar, viver e amar. E que, assim, fertilizaram e enriqueceram as culturas locais.


O homenageado da FLIM 2018 pode ser definido como um griô, o contador de histórias da tradição e declamador, que é ao mesmo tempo historiador e poeta - e que aparece em quase todas as épocas e comunidades humanas. Nei é um griô contemporâneo, atento para as questões da atualidade nestes tempos globalizados. Sua obra é um painel da cultura afro-brasileira, afro-caribenha e afro-americana em todas as suas manifestações: a poesia, a música, a dança, a imagística, a história e as estórias. É uma obra de resistência, sem ódios e ressentimentos: tudo é contado, cantado e mostrado com sabedoria e, principalmente, muita alegria. 

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Luta e festa na obra de Nei Lopes

Os escritos do homenageado da FLIM 2018, em prosa e em verso, são textos de resistência à opressão cultural e racial e, ao mesmo tempo, uma alegre celebração da vida em todas as suas formas. Nos livros e canções de Nei está presente o respeito à religiosidade e à visão de mundo das tradições africanas. Sua obra traz também também um retrato lírico e sensível das coisas simples da vida comunitária, tão cara à cultura ancestral das aldeias africanas - uma herança ainda hoje, apesar das mudanças da contemporaneidade, presente na vida dos brasileiros, qualquer que seja o tom de sua pele.



Do poema "Eu também soul, América!"

Meus pais
Nunca foram expressamente proibidos
De entrar aqui ou ali.
Mas também
Nunca passaram na porta
Por conhecerem seu lugar
Não o da porta.

Do livro “Nas águas desta baía há muito tempo: Contos da Guanabara”

O irmão, Quirino, tinha sumido na mata, parece que comido por onça – bicho que gosta de carne de preto, porque é docinha, dizem.

Do poema "Dona" (para Dona Ivone Lara)

Nela
Notas e acordes vêm rolando lá de cima
Da Serrinha da alma
Como o canto de todos os anjos

Do poema "Brechtiana"

Primeiro
Eles usurparam a matemática,
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.

Depois,
eles separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano - 
Pois africanos não seriam capazes
De tanta inventiva e tanto avanço.
(...)
Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sóirdidos
As ocupações mais degradantes
Os papeis mais sujos

(...)
Agora, chega!


Do romance "A lua triste descamba” 

Dizem que fez a passagem tranquilo, como se tivesse  pego no sono. Mas mesmo assim teve mulher lá que deu ataque. Uma caiu junto da cama, outra no corredor, outra guinchava e se debatia, rolando pelo chão. (...) Naquela época, enterro que não tivesse mulher histérica dando ataque não era enterro.

Do romance Mandingas da 'Mulata Velha' na Cidade Nova"

Todo indivíduo é um elo na cadeia da existência, repassando aos seus descendentes o que recebeu de seus ancestrais. A transmissão correta e direta desse saber precisa de tempo e lugar. O tempo é agora. O lugar é este.

Do poema "Adivinha"

Todo rio vai e volta
Pra desembocar no mar.
A voz somente se solta
Se a alma se libertar.

Do poema "Eu, o sujeito do discurso"

Vossa Excelência é o presidente desta casa.
Que tem quatro quartos, um cesto, dois terços
E um quinto dos infernos.
(...)
Só pra gente entender como é esta casa,
Nela a privada é um ministério público
Que tem um pé na cozinha
(...)
E uma rocinha nos fundos.
(...)
Data vênia, esta é a casa
Em que vossa indecência
Casa com a presidência.

Do livro  “Nas águas desta baía há muito tempo: Contos da Guanabara”


- Mas... como se volta pra Aruanda, pai? Aruanda é Luanda na língua de preto. É em Angola. E tio Lauro veio de Queto; é nagô, de outra região. Ele às vezes conta histórias de Angola, mas não é de lá.
O pai não sabia desses detalhes, nem imaginava que o filho conhecesse a geografia do continente africano. Aliás, nem sabia direito se a África tinha geografia. 

Do poema "Caixa de Ferramentas"

E eu não sabia
Que a régua de nível
Com aquela bolha incrível
O fio de prumo

O peso de chumbo
A colher de pedreiro
(Suja o tempo inteiro)
E a desempenadeira,
Bem mais que proibidas brincadeiras
Com suas sugestões de geometrias
E físicas irreais,
Era ícones, totens, emblemas
E muito mais,
Meu pai:
Era o pão nosso de cada dia...


Veja também:

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Os livros de Nei Lopes

O som de Nei Lopes

Contribuições ao ensino da cultura afro na escola

O blog do Nei

Os livros de Nei Lopes


Alguns estão esgotados, mas muitos estarão à venda na feira de livros da FLIM 2018, inclusive o romance O preto que falava iídiche, que acaba de ser lançado pela editora Record. Conta a atribulada história de amor do negro Nozinho com a judia Rachel, no Rio de Janeiro do início do século 20. Com o humor e a sensibilidade típicos do autor, nos informa e nos faz refletir sobre arte, religiosidade e costumes. Uma viagem que começa na Praça Onze carioca, passa pela Bahia e vai até Nova Iorque e a Etiópia.


Bibliografia completa 

• O preto que falava íidiche – romance, ed. Record, 2018
Nas águas desta baía, há muito tempo – contos, ed. Record, 2017
Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI – com José Rivair Macedo, ed. Autêntica, 2017
Dicionário da História Social do Samba – com Luiz Antonio Simas, ed. Civilização Brasileira, 2015
Rio Negro, 50 – romance, ed. Record, 2015
Contos e Crônicas para Ler na Escola – infantojuvenil, ed. Objetiva, 2014
Poétnicapoemas reunidos, ed. Mórula, 2014
Dicionário da Hinterlândia Carioca – com Luiz Antonio Simas – ed. Pallas, 2012
Contos da Colina – com Luiz Maffei e Maurício Murad – contos, ed. Oficina Raquel, 2012
A Lua Triste Descamba – romance, ed. Pallas, 2012
Esta Árvore Dourada que Supomos – romance, ed. Babel, 2011
Dicionário da Antiguidade Africana – ed. Civilização Brasileira, 2011
Nação Quilombo – com Haroldo Costa e Joel Rufino dos Santos, ensaios, ed; ND Comunicação, 2010
Oiobomé, a epopéia de uma nação romance, ed. Agir, 2010
Mandingas da ‘Mulata Velha’ na Cidade Nova – romance, ed. Língua Geral,  2009
História e Cultura Africana e Afro-brasileira – didático, Prêmio Jabuti 2009, ed. Barsa Planeta, 2009
Kofi e o Menino de Fogo – infantil, ed. Pallas, 2008
Dicionário Literário Afro-Brasileiro – ed. Pallas, 2007
• O racismo explicado aos meus filhos – infantojuvenil, ed. Agir,  2007
Bantos, malês e identidade negra – ensaio, ed. Autêntica, 2006-2008
Vinte Contos e uns Trocados – contos, ed. Record, 2006
Dicionário Escolar Afro-Brasileiro – didático, ed. Selo Negro, 2006
Partido-alto, samba de bamba – ensaio, ed. Pallas, 2005
Kitábu: O livro do saber e do espírito negro-africanos – ensaio, ed. Senac RJ,, 2004
Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africanaed. Selo Negro,  2004 – ed. aumentada 2011. 
Sambeabá: O samba que não se aprende na escola - ensaio, ed. Casa da Palavra/Folha Seca, 2003
Novo dicionário Banto do Brasil – ed. Pallas, 2003 – ed. aumentada 2012
Guimbaustrilho e outros mistérios suburbanos – contos e crônicas, ed. Dantes, 2001
Zé Keti, o samba sem senhorbiografia, ed. Agir, 2000
Logunedé – Santo menino que velho respeita – ensaio, ed. Pallas, 2000
171 – Lapa-Irajá: Casos e enredos do samba – contos e crônicas, ed. Folha Seca, 2000
Incursões sobre a pele – poemas, ed. Artium, 1996
Dicionário Banto do Brasil – ed. Secretaria Municipal de Cultura RJ, 1996
O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musicalensaio, ed. Pallas, 1992
Casos Crioulos – contos, ed. CCL, 1987
O samba na realidade: A utopia da ascensão social do sambista –  ed. Codecri, 1981. Reedição: ed. Malungo, 2017

Livros sobre Nei Lopes

O espírito afro-latino na poesia de Nei Lopes – Mirian de Carvalho, ensaio, ed. Scortecci, 2017 - A autora analisa os poemas reunidos no volume "Poétnica" (ed. Mórula, 2014), à luz de outro livro de Nei, "Kitábu: O livro do saber e do espírito negro-africanos". Ao compreendermos a religiosidade, a visão de mundo e a filosofia dos negros africanos, aguçamos nossa sensibilidade para captar melhor a riqueza e a força da poesia de Nei Lopes.



Nei Lopes – Oswaldo Faustino, perfil, ed. Selo Negro, 2009 - O autor traça o perfil e mostra a importância de Nei Lopes para a cultura brasileira, neste volume da coleção Retratos do Brasil Negro. O texto está sendo atualizado para ser reeditado, mas esta edição de 2009 ainda pode ser encontrada em livrarias de livros usados. 

O som de Nei Lopes

São nada menos que 332 composições, a maioria como letrista. Algumas, como único autor; muitas com parceiros tão variados e respeitáveis quanto Wilson Moreira (o mais frequente), Zeca Pagodinho, Jovelina Pérola Negra, Zé Renato, Almir Guineto e Arlindo Cruz.

As composições mais famosas são sambas no melhor estilo carioca: Senhora Liberdade, Goiabada Cascão; Gostoso Veneno e tantos outros. Mas a criatividade musical de Nei e seus parceiros explora também as raízes mais recuadas da música popular brasileira: o samba de roda da Bahia, o lundu do Rio do século 19, o coco nordestino, o jongo e o calango das velhas fazendas do interior do Estado do Rio e de Minas Gerais. São preciosidades como o Jongo do Irmão Café e Tia Eulália na XibaE vão além, misturando as sonoridades afro-brasileiras com os sons que nos vêm dos outros países da América Latina e do Caribe. Como em Afrolatino. 

Clique aqui: Repertório musical completo (gravado ou editado) de Nei Lopes

Veja também:

A cultura afro-brasileira na escola

Desde 2003, o ensino da história e da cultura afro-brasileira (e indígena) nas escolas é obrigatório por lei - uma lei difícil de cumprir, porque muitas gerações de professores não foram preparadas para isso. Os dicionários e enciclopédias voltados para o tema, que Nei Lopes começou a publicar muito antes da existência da lei, são um capítulo à parte na história de pioneirismo do homenageado da FLIM.

São obras de referência, que Nei pesquisou e organizou sozinho ou em co-autoria com respeitados nomes da pesquisa universitária sobre  cultura negra e cultura popular brasileira, como Luiz Antonio Simas, João Batista M. Margens, José Rivair Macedo e Alberto Mussa. Aqui vão dicas para professores, alunos e quem quiser saber mais sobre nossas raízes e nossa história. Você vai se maravilhar com a riqueza do conhecimento acumulado desde as antigas civilizações africanas, até chegar às fazendas e cidades do Brasil.


Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI – com José Rivair Macedo, ed. Autêntica, 2017. 

A história da África contada em 1.200 verbetes, tendo a própria África como centro e sujeito dos acontecimentos. Traz uma síntese cronológica, contextualizando os principais acontecimentos no continente africano entre os séculos VII e XVI; o embate entre as ideias e os interesses do islã, do cristianismo e da religião tradicional; as disputas pelo controle das fontes de riquezas e das rotas de comércio; o surgimento de unidades políticas criadas e expandidas por lideranças locais; biografias de líderes religiosos, políticos e outras figuras históricas.
  


Dicionário da História Social do Samba – com Luiz Antonio Simas, ed. Civilização Brasileira, 2015.


Obra de referência pioneira, revela o valor da negritude e da historia dos negros na criação e fixação do samba, assim como a inserção dessa cultura musical na sociedade de consumo. Os autores reconstroem  a memória cultural do Brasil, numa narrativa organizada em verbetes: a repressão dos primeiros tempos; o samba como gênero de música popular, com seus muitos subgêneros, estilos e diferenças regionais; e os nomens fundamentais que fizeram essa história: compositores, instrumentistas, cantores, dançarinos, cenógrafos e outros. 




Dicionário da Hinterlândia Carioca – com Luiz Antonio Simas – ed. Pallas, 2012

A "hinterlândia carioca" é “a região afastada do centro metropolitano, isto é, os subúrbios do Rio, cidade dividida em duas partes: uma, predominantemente litorânea, abrigando preferencialmente os ricos e remediados; outra, reservada aos cidadãos tidos como de segunda classe. Nos verbetes deste Dicionário, o subúrbio é o lugar privilegiado, onde o urbano encontra o rural, onde o nacional abraça o global e onde o presente mais fortemente se nutre do passado. É nele que o fato cultural passa pelo filtro ou pelo amplificador da indústria para se espalhar pelo Brasil e ganhar o mundo.
Um dicionário que é um verdadeiro mapa para se perder pela história dos subúrbios do Rio.




Dicionário da Antiguidade Africana – ed. Civilização Brasileira, 2011

Esta obra preenche de forma acessível, clara e concisa uma lacuna da historiografia nacional. Seus  verbetes revelam um passado africano quase desconhecido em sua antropologia, cultura, geografia e filosofia. Recusando-se a abordar a África pelo viés convencional de suas relações com a Europa, o dicionário mostra a anterioridade das civilizações egípcia e cuxita sobre a civilização greco-latina que ainda hoje domina o pensamento ocidental. Redefine, assim conceitos como civilização e escrita, entre outros. 







História e Cultura Africana e Afro-brasileira – didático, ed. Barsa Planeta, 2009

Aborda em oito unidades a História da África, a partir as civilizações e organizações anteriores à chegada dos europeus, até suas relações com a formação da identidade brasileira. Ganhadora do prêmio Jabuti de 2009 na categoria Didático/Paradidático, a obra atende à Resolução 01, de 17/06/2004, que regulamentou a Lei federal 10.639/03, a qual tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura afro-brasileiras na grade curricular do ensino básico e fundamental. 





Dicionário Literário Afro-Brasileiro – ed. Pallas, 2007


Este dicionário relaciona e identifica autores, obras, manifestações, instituições, figuras  e fatos históricos relativos à presença do negro na literatura brasileira, como produtor e como tema de obras literárias. 










Dicionário Escolar Afro-Brasileiro – didático, ed. Selo Negro, 2006

Esta obra procura colocar ao alcance do público escolar, em linguagem acessível, informações que permitem resgatar a influência cultural africana que permeia nossas raízes e nossa História.









Kitábu: O livro do saber e do espírito negro-africanos – ensaio, ed. Senac RJ, 2004

Escrito na forma de "versículos", este livro busca sistematizar o conhecimento sobre as religiões africanas nas Américas, a partir de suas matrizes. Realizando uma espécie de arqueologia das raízes históricas e mitológicas dessas religiões, Nei Lopes debruça-se sobre esse conjunto de crenças e cultos, para trazer a público uma rica e digna estrutura religiosa e filosófica.  





Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana – ed. Selo Negro,  2004 – ed. aumentada 2011. 

Reúne, num único volume, uma significativa massa de informações multidisciplinares sobre o universo da cultura africana e afrodescendente. Traz ao conhecimento de um público amplo assuntos até agora restritos a especialistas e de difícil acesso aos leigos. Os verbetes, em ordem alfabética, abrangem uma vasta área de conhecimentos, incluindo personalidades históricas.






Sambeabá: O samba que não se aprende na escola - ensaio, ed. Casa da Palavra/Folha Seca, 2003


O be-á-bá do samba, num livro que descreve o ambiente do surgimento do gênero e marca sua força diante das pressões do mercado. Ilustrações do  artista Cássio Loredano. Para ser lido tanto pelo estudioso do assunto quanto pelos que nunca ouviram o bater de um pandeiro.






Novo Dicionário Banto do Brasil – ed. Pallas, 2003 – ed. aumentada 2012


Publicado pela primeira vez em 1996, é considerado referência fundamental para a investigação das línguas africanas. Os verbetes da antiga edição forem revistos e ampliados. Povo originário da bacia do rio Congo, região que inclui parte do território da Angola atual, os bantos foram trazidos em grande número para o Sudeste brasileiro e tiveram muita influência na religiosidade, na linguagem e nos costumes de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 





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Foto da Pedra Dubois: Leandro Almeida